Bicicletada Natal de Setembro e [R]existe Reis Magos

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

     A Bicicletada de setembro ocorreu no dia 04.10.15 devido a integração com o movimento Rexiste Reis Magos. Esse, tem sido um movimento construído por entidades, estudantes, professores, arquitetos e urbanistas, artistas e grupos das mais variadas formações que estão encampando a luta pela preservação do Hotel Internacional Reis Magos, aqui em Natal, na praia do meio, buscando conscientizar a sociedade sobre a importância de mobilizar-se pela preservação deste patrimônio que foi construído há quase cinco décadas e está abandonado desde meados de 1995. Um dos objetivos do grupo é tombar o prédio para garantir que ele faça parte da história. Tombar é abrir espaço para atualizações tecnológicas e funcionais dentro do edifício. 
     Pensar a cidade, ocupar seus espaços, é garantir uma sociedade mais solidária e harmônica. Não podemos continuar entregando os espaços públicos as necessidades de grupos privados que não pensam o bem estar da população ao seu redor, apenas no ganho lucro. E olha só que experiência fantástica nós construímos:















     Segue link do dia: https://www.youtube.com/watch?v=w0z0VuiN-qE&feature=share
     Link com notícia sobre o evento: http://www.brechando.com/2015/10/protesto-contra-demolicao-do-hotel-reis-magos-reuniu-estudantes-e-moradores/

     Link da página do movimento Rexiste: https://www.facebook.com/coletivorexistereismagos?fref=ts

22 de Setembro Dia Mundial sem Carro

terça-feira, 22 de setembro de 2015


     A luta dos ciclistas em nosso país por uma nova cultura de mobilidade tem  ganhado visibilidade, principalmente a partir dos esforços do Governo Municipal de São Paulo que levantou a bandeira e tirou de debaixo do tapete o conservadorismo que mostrou caras e dentes e a cultura subserviente aos interesses da Indústria do carro.
     Compramos a propaganda e reproduzimos em nossa vida, no dia a dia, sem pensarmos criticamente o que nossas ações geram ao meio ambiente. Nossa educação não nos ensinou o que é ser o ser coletivo e porque devemos pensar em coletivo. A propaganda liberal pregou uma liberdade que todos queríamos, não a de ser livre, mas a de ter condições de comprar todos os bens que produzimos materialmente. O ser não existe, importa ter. E essa cultura se propaga vitoriosamente em todos nós dentro de nossos carros. O carro é novo, do ano, "somos livres", podemos correr para qualquer canto. O ponteiro indica até uns 200km/h? Vai Rubinho!
     Mas a reprodução da propaganda dos carros como algo indispensável, como objeto de garantia de pertencimento a uma classe "que venceu" com seus esforços, está tendo que parar obrigatoriamente no meio de uma marginal e pensar: Por que estou aqui parado? As cidades "incharam". Tudo congestionado. Dirigir não parece mais algo tão bom assim. Se perde mais de duas horas para fazer o percurso de casa para o trabalho. Aqui em Natal tem dias que um percurso que devia ser de 20 minutos, dependendo de qualquer carro quebrado na pista, o percurso leva mais de uma hora. E existem N questões para se pensar e problematizar.
     Depois que os órgãos internacionais começaram a dar o alerta vermelho para a vida no Planeta parece que estamos começando a pensar: Vai ter sempre comida na mesa, água na torneira e ar para respirar? Buraco na camada de ozônio, secas, desertificações. Uma cidade como São Paulo está sem água. Os problemas ambientais está começando a chegar até nas classes mais favorecidas e o alarde necessário enfim, se faz. Empatia por alguma causa, para alguns só quando se sente na pele mesmo!
     Os ciclistas estão querendo banir os carros da face da terra? Não gente. Estamos chamando atenção para algo que está na nossa cara. Quantos carros mais irão caber em nossas garagens, ruas e avenidas? O que estamos fazendo em nosso meio ambiente, congestionando sem podermos mais nos locomover. A lógica do carro não seria a locomoção? Já a perdemos. Nossas vidas não podem funcionar ao redor dos carros. Não podemos deixar de andar para ir comprar pão na esquina. Deixem os carros em casa. Estamos escravos de algo que não deveria ser essencial, mas apenas um meio para contribuir nos afazeres do dia a dia. O quanto tornamos o carro prejudicial para nossas vidas? Pense:

"Eles são simplesmente a maior causa da poluição atmosférica e do aquecimento global. Formam também o maior mercado da indústria de petróleo, que fomenta tantas guerras." p. 109 Caroline Granier em Apocalipse Motorizado

     A Europa tem sido palco de grandes mudanças que protagonizam a realização dos tratados internacionais sobre meio ambiente. Paris este ano colocou em prática reduzir pela metade os carros no centro da cidade deixando-a livre para pedestres, ciclistas, o transporte coletivo e tantas outras alternativas de locomoção. Em São Paulo quando se propôs o rodízio de carro pareceu o fim do mundo, agora imaginem uma proposta dessas aqui em Natal!
    O transporte individual é endeusado. Diante do caos que se torna o trânsito em nossa cidade, e enquanto perdemos companheiros [Cacá, Cristiane e Franciélio] por essas ruas, os projetos que o DNIT propõe nem ao menos segue os parâmetros da nova Lei de Mobilidade Urbana de 2012. Querem "empestar"  a cidade de viadutos sem pensar o meio de locomoção humano. Querem fazer obras na Roberto Freire que invade áreas protegidas do Parque das Dunas, e para quê? Retirar sinais e proporcionar mais fluidez, leia-se velocidade, aos carros.
     O conceito sustentabilidade que invadiu até os slogans das mais variadas empresas pelo mundo, está aí, fazendo o convite para repensarmos como devemos viver em sociedade. Não dá para continuarmos achando que a vida é trabalhar para comprar carros e casa. Estamos adoecendo a natureza esquecendo que adoecemos também. Natal está atrasado em tantos aspectos e em questão de mobilidade urbana não há qualquer empenho que figure para uma nova política que pense nossa cidade mais solidária e humana.
     NÃO TEMOS TRANSPORTE PÚBLICO! As pessoas se engalfinham em seus carros e motos e tentam caber nas avenidas. Se estressam, xingam, batem. A vida tem valido tão pouco nesse violento trânsito que criamos.
     Mas um outro mundo é possível! Sim! E estamos em luta!!!

Em memória de José Francielio de Farias!




Por Eva Timboo




   

O que acontece quando morre um ciclista

segunda-feira, 3 de agosto de 2015


Em julho do ano passado comprei minha bike e passei a percorrer sorridente e me deliciando pela cidade do Natal. E apesar de todo o prazer que me proporcionei quando decidi a usar a bicicleta como meio de transporte e lazer, o dia a dia nas ruas foram me apresentando tantas dificuldades e medos que é difícil descrever. Ouvir diariamente a minha mãe implorando para que eu não ande é um apelo doloroso de ser negado. E aos poucos você vai vendo e ouvindo cada absurdo que acontece na pista que seu coração na hora do rush acelera e te toma o ar. Estamos virando estatísticas em acidentes? Diariamente! Como equilibrar na balança paixão e medo? Se fizermos aqui uma pesquisa, quantos não já deixaram de pedalar por causa da violência nas ruas?! Estou compartilhando do meu medo e de minha dor não para enfatizar as dificuldades e riscos, mas para pensarmos como superarmos os desafios de construirmos uma cidade melhor para convivermos! Não estamos diante de algo impossível como nos ensinam todos os dias! Querem nos fazer acreditar que as coisas são assim e nos afastam de nossos espaços de convivência. As cidades estão frias, petrificadas e assaltadas. Muros crescem, concretos se estendem e a violência nos consome. Enquanto isso, quando participamos de reuniões sobre os projetos previstos de mobilidade urbana permanece o mesmo: mais para carros. Para essas pessoas que trabalham como loucas para possuir esse automóvel, que os levam loucamente para seus trabalhos, que sempre se atrasam e querem compensar no volante toda a frustração de uma vida sem tempo de viver. Um bando de cães loucos que não perdoam crianças e velhinhos nas ruas. Não respeitam sinal vermelho, faixa de pedestre nem uma simples placa de contramão! E assim vão ceifando vidas e colocando culpa sabe-se lá em quem e pedindo perdão aos seus deuses como se uma vida pudesse ser reposta. Enquanto isso projetos não saem dos slides lá na STTU, enrolando os ciclistas com mil reuniões, e a incompetência e a arrogância de profissionais tomam conta dos espaços que deveriam agilizar a execução das obras que demandam a sociedade. E, quando veem um ciclista protestando na porta gritam: "vão arranjar uma lavagem de roupa", totalmente desprovido de conhecimento e vivência sobre a própria realidade em que vive.

E vamos nos perdendo uns dos outros...


Na sexta feira dia 31 de julho, Cristiane da Silva, 33 anos, moradora do município de Parnamirim, mais uma ciclista que perdeu sua vida por imprudência e prepotência de um motorista. Uma cultura insana que não recebe freio apenas mais incentivos, enquanto vamos contando os companheiros e companheiras que vamos perdendo. Pedalava todo dia para resolver tudo em seu bairro ou no centro. A bicicleta é um meio essencial para a sobrevivência da população de nossas cidades. Um passeio em qualquer dia na cidade de Parnamirim é possível perceber a diversidade de ciclistas pelas ruas, uma paisagem linda e que demonstra a necessidade de se pensar com urgência as vias a serem compartilhadas com segurança por todos os meios de locomoção humana. Uma cidade para todos e todas!


Parnamirim, 03 de Agosto de 2015

Eva Timboo


O que acontece quando morre um ciclista? Parte III

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Meus caros amigos “e amigas”,

Fomos a missa de celebração pela passagem do sétimo dia da morte do ciclista Cacá, ontem dia 06, realizada na Igreja de Santa Rita de Cássia aqui em Ponta Negra. Estavam presentes os seguintes ciclistas: Cristiane Macedo, Renato Galdino, Mikael Marques, Suzana Tomaz, Evelinny Alves e Haroldo Mota.

Na missa, muitos amigos de Cacá e a presença da grande comunidade. Após a realização do ato ecumênico, conversamos com Igor (filho de Cacá) e sua namorada Milena, como também a Sra. Dione (ex-esposa de Cacá).

Falamos que a comunidade ciclística de Natal estava solidária e coclocávamos a disposição, os grupos ali presentes: a ACIRN; a Bicicletada Natal; o Ponta Negra Bike e os ciclistas de Natal e a Ong Baobá.

Em seguida fomos ao local do acidente, no qual a Srª Dione estava querendo colocar umas flores em homenagem a Cacá.



Chegamos na Rota do Sol às 19h50. Os familiares fizeram um momento de silêncio e Igor colocou as flores no “GhostBike” (BikeAnjo).

A Srª. Dione falou sobre a sua revolta: “às 17h13, o juiz decretou a prisão preventiva dele (motorista/Natalício) e às 17h44, deu a liberdade/confiança, pagando um valor de R$40 mil reais, a minha revolta é essa… enquanto ele estava solto em casa, a gente estava fazendo vaquinha para comprar o caixão, juntando dinheiro. O promotor me tranquilizou dizendo que o caso foi culposo, como ele (motorista) estava bêbado, assume o risco de matar, cabendo neste caso uma pena maior por tudo o que aconteceu. A minha bandeira vai ser essa… colocar o motorista Sr. Natalício Fausto de Lima em julgamento”.

Igor nos contou que seu pai pedalando pela Rota do Sol, “foi atingido primeiro pelo impacto do carro conduzido pelo motorista Sr. Natalício Lima e em seguida o condutor bateu no poste. Os ferimentos foram profundos e muito grave, segundo o legista do ITEP foi essa a sequência do acidente”.

A família comentou que ficou emocionada com a atitude dos ciclistas fazendo o movimento do protesto  e que viram a mobilização e vários pontos da cidade. Estavam passando quando a bicicleta branca (GhostBike/BikeAnjo) estava sendo fixada no poste.

Comentamos que o grupo de ciclista da “Bicicletada Natal” havia elaborado um documento muito bacana, exigindo a apuração do caso e transparência na divulgação.

Ficou comprometido também que iríamos replicar esse documento, nos vários grupos ciclíticos da cidade, assinado por cada representante dos movimentos ciclíticos e entregar individualmente. Haveremos também de sentarmos com vários grupos de ciclistas para definir uma pauta comum sobre o assunto.

A família finalizou agradecendo a todos os ciclistas a solidariedade que estão recebendo.

Relatoria: Haroldo Mota.

  • Algumas palavras aspeadas indicam uma alteração na hora de digitarmos o texto feito por Haroldo para publicarmos no blog!

O que acontece depois que morre um ciclista?

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Natal/RN, 04 de Maio de 2015


E depois que tudo passa: o espanto, a comoção, o medo, a lembrança. E depois que a rotina volta em sua segunda feira. A chuva bate na janela, o tempo ameno, feriadão bem aproveitado. E o que fica? Para os próximos dias em que a vida segue em sua rima: trabalho, trânsito, congestionamento e buzina. Depois que você lamenta e chora, depois que você se revolta nas redes sociais. O que acontece depois que morre um ciclista?


Acordamos em meio a notícia da morte de um ciclista. A gente tenta conseguir o máximo de informação e então a gente se mobiliza. O dia não pode seguir seu curso normal como se nada tivesse acontecido. Estou aflita no meu trabalho. A angústia envolve todas as lembranças de minha mãe me pedindo: “minha filha, por favor, não vá de bicicleta para o trabalho!”.  Tento confortá-la dizendo: “Não se preocupe tenho muito cuidado!”. Mas depende de mim, apenas de mim que nenhum incidente/acidente ocorra? São 10 meses desde que comecei a utilizar a bicicleta como transporte e o tempo te ensina muita coisa nessas pistas. E então, você ganha confiança e realmente acha que está fazendo tudo certo, que está tendo toda a atenção necessária para que sua vida não corra risco algum – inocência de principiante – na pista há uma selvageria louca que provavelmente nem Freud explica!
Há semanas em que você pensa muito se deve continuar a usar a bicicleta. E quando me veio a notícia da morte de Carlos, um ciclista atropelado na rota do sol por um motorista alcoolizado, fiquei realmente sensível, e hoje, nessa segunda, estou mais sensível ainda, porque é quando vem o silêncio, o silêncio depois do luto, depois que todos vão embora, é esse silêncio que me angustia: “Como os dias seguem depois do luto!”. Acordo ainda com a memória quente. Estava me preparando para me aventurar e aproveitar o feriado, mas esqueci de tudo para que nenhum silêncio se fizesse naquele dia, e, estou aqui de novo para que o silêncio não nos assombre mais um dia. O silêncio não pode nos amedrontar e nos convencer de que o melhor, o mais prudente é deixar de pedalar. Quebrar o silêncio diante da barbárie que naturalizamos é um ato de amor pela vida!
Saímos em marcha na quinta feira, dia 30 de abril de 2015 em protesto pela vida, não “contra a insegurança para passeios” como dizia a Tribuna do Norte. Nossa luta diária é pelo direito puro e simples de ir e vir, um direito básico de todos e todas. Mas, temos vivido em tempos de tão profunda limitação: nosso tempo, o espaço que temos, o que podemos ter, tudo é tão limitado que não conseguimos mais enxergar as possibilidades, nossas possibilidades de construirmos nossas vidas, de questionarmos o que nos é imposto – o certo, o justo... – e por aí vai uma gama de mecanismos que nos domesticam, colonizam nossas mentes e nossos corpos.
Precisamos de faixas para garantir nossa segurança? Em um mundo no mínimo sensato responderíamos: NÃO. Afinal, já construímos pistas para nos locomovermos. Geralmente nas capitais de nosso país, as pistas são divididas em duas e três faixas. Três faixas não seriam suficientes para todos nos locomovermos? SIM. Mas qual é a lógica imperante? Pista para carros! ??? A via não pode ser compartilhada por qualquer veículo que apresente uma velocidade menor que 80km. O imperativo é correr por mais que as estatísticas estejam aí mostrando que essa lógica que estamos utilizando está nos matando! Mais e mais carros entupindo as vias e uma cultura de desrespeito e violência se propagando como um vírus. Não há via para ser compartilhada. Não tenho porque sinalizar ou dar passagem a outro. Não há qualquer valor de gratificação vinda da cultura/cultuação dos carros.
O que estamos todos os dias tentando dizer não é o que alguns em seu uso do senso comum tentam nos jogar na cara, de que estamos querendo acabar com os carros. Não estamos impondo um novo conceito, ou lei, ou qualquer outra coisa. Estamos tentando discutir sobre os nossos espaços de convivência, sobre nosso bem estar no lugar que vivemos. Estamos falando de nossas ruas, nossas praças, nossas calçadas, tudo que tem sido privatizado ignorando o direito natural de todos e todas. A liberdade que tanto prega a democracia e pelo qual ela foi instituída (não efetivamente). Receio que se não formos capazes de construir um diálogo saudável sobre essas necessidades tão básicas, então continuaremos chorando nossos mortos calados, e continuaremos invisíveis até que nos tornemos mais um nessas estatísticas cruas.
O que deveria ser feito agora com a morte de Carlos? O que estaria em nossas mãos para que reivindicássemos nosso direito de também estar na pista? Os órgãos públicos não dirão nada, ou dirão: a culpa é do motorista alcoolizado! Mas, enquanto a nossa culpa de omissão? Omissão por não questionarmos. Omissão por não reivindicarmos. Omissão para mim é a palavra mais cruel nos tempos modernos. Omissão para mim significa apatia e covardia. É covarde que nos calemos. Que continuemos em nossos “passeios” em horários que não incomode o trânsito achando que assim estamos bem resguardados quando ignoramos todos os companheiros e companheiras que tem utilizado a bem mais tempo, suas bicicletas como meio de transporte ao trabalho. Fico imaginando todos que atravessam a ponte de igapó todos os dias e quantos ali já entraram para as estatísticas.

Não estamos falando de segurança unicamente para passeios, estamos falando do nosso direito à vida!


À Carlos Augusto de Souza! Presente!!!

Por Eva Timboo
Uma Ciclista na Cidade Grande

NOTA DE REPÚDIO AO ATO DE VIOLÊNCIA APRESENTADO PELA EMPRESA REUNIDAS CONTRA O MOVIMENTO DE CICLISTAS NO DIA MUNDIAL DO CICLISTA NA CIDADE DO NATAL

quinta-feira, 16 de abril de 2015

O Coletivo Bicicletada Natal vem por meio dessa nota declarar todo o repúdio contra o ato de violência praticada pela Empresa Reunidas Transporte Urbanos LTDA, presenciado ontem, 15 de Abril de 2015, ao demonstrar total despreparo e falta de atenção na prestação de serviço dos transportes públicos aqui na cidade do Natal.
Ontem (15) foi comemorado e lembrado num movimento cicloativista o Dia Mundial do Ciclista, sendo este uma forma de conscientização e luta por uma nova cultura de mobilidade urbana que não privilegie o projeto moderno de produção e consumo de carros, que se apresenta hoje como grande vilão do bem estar social das cidades. Este modelo engessado de mobilidade tem causado grandes congestionamentos, impedindo a circulação e trafégo das pessoas, principalmente como a circulação das SAMUs, ambulâncias, carros de bombeiros, veículos policiais, transportes de atendimento de urgência à população, além da exacerbada poluição ao meio ambiente, que há décadas é enfoque em todo mundo para problemas ambientais/atmosféricos. A OMS¹ já classificou a poluição do ar, emitida principalmente por automóveis, como cancerígena, além de todas as comorbidades provenientes dessa fonte (principalmente em grandes cidades).
Essas são algumas problemáticas a serem pensadas se quisermos avançar em um projeto mais humano e sustentável de sociedade. Resoluções simples têm sido apresentadas, como a melhoria dos serviços de transportes públicos e incremento de vias seguras para deslocamento a pé ou de bicicleta, preferencialmente com arborização para gerar melhor climatização e maior filtração do ar já poluído. No entanto, essa resolução se engessa pela grande incoerência desse tipo de serviço ser prestado por uma instituição privada. Empresas privadas obviamente visam o lucro, e a população fica a mercê dos despautérios dessas empresas, que frequentemente desrepeitam, por meio dos seus empregados mal pagos, as leis de trânsito e a vida humana. Todos os dias milhões de trabalhadores necessitam utilizar o transporte público e são submetidos a longas esperas nas paradas de ônibus (sem proteção alguma), linhas insuficientes, onde os cidadãos lutam para conseguir entrar e se enlatar dentro de um ônibus. Aqui em Natal/RN, os ônibus não apresentam sistema nenhum de climatização, tornando ainda mais insuportável e degradante a relação dos usuários com esse tipo de transporte.
Na data passada, presenciamos e fomos vítimas de mais uma problemática fruto dessa relação público/privado: as enormes tensões as quais são submetidos os motoristas de ônibus para o cumprimento de horários sempre apertados. Além do fato de treinamentos para uma adequada convivência com pedestres e ciclistas serem pouco frequentes e sem efetividade. É inadmissível que a população tenha que ser atendida dessa forma! Mal colocamos o pé no ônibus e os motoristas avançam sem qualquer segurança. Esse problema só tem se aprofundado, com agravante  na existência da dupla função dos motoristas, regularizada judicialmente, forçando-os a dirigir, passar troco e liberar a catraca para os usuários. Natal tem andando na contramão da política de mobilidade urbana implantada no restante mundo e parte do Brasil, a exemplo de São Paulo/SP. Por isso, nosso companheiro Herisson dos Santos, 25 anos, Desenhista Técnico, acabou sendo vitíma de uma atitude imprudente e agressiva por parte do motorista da Reunidas na noite de ontem. Esse não foi o único fato: há vários relatos de abusos de motoristas de carros,com destaque para outro ocorrido próximo ao nordestão da Roberto Freire. Na ocasião, outro motorista da Reunidas avançou sobre um grupo de ciclistas que transitava pelo local, desencadeando numa intervenção do coletivo, que obstruiu a passagem deste até que todos realizassem a travessia com segurança.

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Esse fato, só demonstra a necessidade de avançarmos na luta contra essa cultura violenta e marjoritária do automóvel, melhorando o serviço de transporte público, pensando em uma cidade para as pessoas, na acessibilidade de pessoas com limitações físicas,  e na circulação de ciclistas, motociclistas, carroceiros e pedestres. Todos sofremos com a prepotência dessa cultura etnocêntrica que vitima, mutila e interrompe milhares de vidas todos os anos.
Convocamos entidades, a ACIRN e cicilistas a nos organizarmos e darmos visibilidade a esse fato como maneira de promovermos a educação no trânsito e chamarmos os órgãos competentes a se responsabilizarem quanto as suas atribuições. Herisson precisa de apoio nessa luta por seus direitos, que é uma luta nossa. Precisamos construir uma luta solidária e permanente para evitarmos que incidentes mais graves possam continuar a acontecer. É hora de avançar, é hora de nos unirmos pois só estamos começando a crescer \0

#TODASOLIDARIEDADEAHERISSON #NÃOFOIACIDENTE #VAITERCICLOVIA #ESTAMOSEMLUTA

¹World Health Organization. September 2011. Urban outdoor air pollution database. [Acesso em 16 de Abril de 2015.] Disponível em: URL: http://www.who.int/entity/phe/health_topics/outdoorair/databases/OAP_database_8_2011.xls



Obras da Copa em Natal RN - RETIRADA DE CICLOVIAS DOS PROJETOS IMOBILIDADE URBANA

sábado, 25 de maio de 2013

Foto: Assis Oliveira (em destaque: Alexandre Seplan e Marjorie Madruga PGE)

Obras da copa, Retirada das ciclovias dos projetos de (i)mobilidade urbana.
Por Mateus Graça

Carlos Eduardo está numa posição muito confortável. O que for feito é mérito deles, no caso não dar certo, a culpa é da Micarla. Isso facilita muito qualquer justificativa, inclusive a de isolar a população do debate, argumentando que não há mais tempo para mudanças, nesse prazo de 12 meses para a Copa.
O Nosso Mandato chama os movimentos sociais, em especial o movimento dos Ciclistas (ACIRN, Bicicletada Natal RN, Associação dos Ciclistas de Natal e outros) para nos debruçarmos sobre a busca de soluções imediatas para propormos aos técnicos da prefeitura nesse curto prazo de um mês que antecede o virtual início das obras. Não podemos deixar passar este momento!

#CicloviaNoLote1 #PlanoDeMobilidadeJá! #PlanoDeCicloviasJá!

Pontos Audiência Pública sobre obras de mobilidade da Copa
Técnico: Alexandre SEPLAN

O auditório foi lotado pelo movimento de ciclistas, que compareceram para cobrar explicações dos técnicos da prefeitura acerca da exclusão das ciclovias do chamado “lote 1” das obras de mobilidade da Copa do Mundo, como também reivindicar mais atenção do poder público natalense para políticas públicas de transporte alternativo. O movimento define o atual modelo de ação da prefeitura como “política para carros”, excludente da maioria da população, que utiliza o transporte público, bicicleta e até mesmo as próprias pernas para se locomover em Natal.
Após longa explicação técnica de todas as obras do projeto, ficou claro que o enfoque foi o trânsito de automóveis no entorno do estádio, quase que exclusivamente, excluindo outras áreas de concentração de circulação na cidade e, o mais grave, excluindo completamente outras formas de transporte. O retrato disso foi a retirada, no projeto, do trecho de ciclovias da Mor-Gouvêia, com a justificativa da falta de espaço. Disse o técnico que a retirada se deu como única alternativa para fugir do problema da desapropriação de imóveis no entorno da avenida, que será expandida lateralmente, ganhando novas faixas. Os ativistas presentes questionaram a veracidade dessa informação, visto que, para a construção de uma ciclofaixa, apenas um reduzido espaço é necessário. Contra argumentaram, colocando a enorme necessidade das ciclovias neste trecho, que perpassa o trânsito de milhares de trabalhadores da Zona Norte que necessitam de outros meios para chegar, por exemplo, à Ponta Negra todos os dias. Argumentos como o crescimento do número de carros por habitante nos últimos anos, devido a melhoria do poder de compra da população e da “cultura do carro” foram derrubados pelos ciclistas, que rebateram diferenciando o número de carros com o uso dos mesmos, destacando o fato de que, no caso de melhorias do transporte alternativo, a população passa a deixar o carro em casa, utilizando-o somente em raras ocasiões. Essa foi a linha do debate.
O técnico da prefeitura destacou que estes projetos especificamente foram feitos em regime de urgência, visto que no caso da não realização dos mesmos até os prazos estipulados pela carta compromisso da Copa do Mundo FIFA 2014, os recursos advindos do governo federal seriam perdidos. Lembrou também da “herança maldita” da gestão anterior, que durante quatro anos não colocou a frente praticamente nada, em se tratando de consulta a população, projetos e execução das obras, colocando a atual gestão numa “saia justa”, em que até mesmo com os projetos prontos em tão pouco tempo, ainda coloca em risco a execução das obras no prazo de doze meses.
Além deste debate, também foi cobrado pela população explicações acerca dos Planos de Mobilidade e do Plano de Ciclovias, que há tanto tempo estão na pauta das gestões, incluindo a anterior do próprio Carlos Eduardo, mas que não são colocadas a frente nem em debate com a população. O técnico declarou diversas vezes que as secretarias estão abertas para a discussão dos planos e, especialmente convidou o movimento de ciclistas para debater o plano de ciclovias, “vamos sair daqui unidos” e “dinheiro tem, falta projeto”, foram algumas das frases ditas, por Alexandre, da SEPLAN. Foi marcada reunião para a próxima semana com a SEMOB para tais fins e prometida reunião com o prefeito, quando o estudo já estiver mais avançado.
Ademais, o debate perpassou por dúvidas técnicas, e outras colocações como, por exemplo, pelas limitações geográficas de Natal (cercada por rio e mar, áreas de duna e muitas áreas de proteção ambiental) que, segundo o técnico, dificultam qualquer planejamento sobre transporte. Argumento discordado pelos presentes, que destacaram que este fato apenas exige mais empenho e criatividade do poder público para a execução dessas melhorias, e se colocaram a disposição, como população, para contribuir com o processo, cobrando mais vontade política da prefeitura, a qual seria demonstrada, por exemplo, na coragem de executar projetos que não fossem concluídos na própria gestão, deixando os louros para serem colhidos pelos próximos representantes, demonstrando assim mais compromisso com a melhoria da cidade para a população, e não com a pequena política que domina nosso estado e tantas outras no Brasil.


 

 Foto: Assis Oliveira (destaque: Clebson Melo - Diretor Acirn)

Por ACIRN - Associação dos Ciclistas do RN
REFLEXÕES ACERCA DA AUDIÊNCIA NA PGE

Após a reunião, como sempre, surgem reflexões e discussões.

É consenso geral entre os que participaram uma preocupação maior após ouvir Alexandre. Em todo o seu discurso ficou bastante clara a postura da prefeitura e a forma como os técnicos e gestores pensam a cidade, ou seja, priorização do carro e como acomodá-lo em detrimento dos outros modais.

Não houve em nenhum momento a preocupação em iniciar investimentos em transporte público e muito menos um projeto para a cidade a longo prazo.

Na atual circunstância e após ouvir Alexandre eu entendo a questão da ciclovia como secundária. Secundária porque não existe um plano para a cidade onde as vias cicláveis estariam inseridas. Dessa forma nem ciclovias, nem transporte público e nem os pedestres estão sendo vislumbrados.

Ainda não sei como agiremos mas na última quinta ficou claro que teremos muito a fazer. E não apenas para pedir ciclovias. Nós estamos responsáveis por promover uma mudança cultural.

Clebson Melo

 Comentários dos membros da Bicicletada Natal:

Via Ricardo Herculano
Apresentado as obras de mobilidade urbana pra copa e a notícia nada surpreendente. Projetos para carros e valorização das áreas valorizadas para carros. Mais espaço para mais congestionamentos.

Via Francisco Iglesias Acho que é melhor destruir toda a cidade e fazermos ruas e avenidas... assim todo mundo mora nos carros e resolvemos todos os problemas...kkkkkkkkkk... é de chorar também esta visão que vai contra a visão de transformação que o mundo caminha.

Via Clebson Melo Impressionante ouvir de um gestor público nos tempos atuais a extrema preocupação em acomodar carros com o pífio argumento que, a população quando melhora sua renda, compra carro e casa própria. Eu fiquei realmente surpreso e decepcionado com a forma de pensar. Natal vai parar e nós, com nossas bicicletas, deixaremos os carros para trás nos congestionamentos. Seria até engraçado dar um tchauzinho para os nossos gestores presos dentro de seus carros enquanto nos locomovemos em nossas bicicletas.

Via Marcos Lemos POis é....me impressionou mto o determinismo que quem sobe de classe compra logo um carro. Isso é até verdade, poucos tem a visao sem preconceito sobre o transporte publico e a bike, e como isso afeta a cidade.
O poder publico é que regula a sociedade, ele nao deve alimentar o vicio dela.

Via Fabiano Silva Lamentável a política pró-Carros da Prefeitura do Natal, o senhor Alexandre Carros, ops SEMPLA, não conseguiu falar nenhuma palavra que não fosse alargamentos e mais vias para carros, mesmo se contradizendo que quem mais realiza viagens em Natal, são pessoas a pé!, "então estamos adotando prioridades, prioridades pela renda do natalense, que cresce e quer comprar um carro e uma casa".

Rodrigo Alcoforado Natal perde uma grande oportunidade ao sediar a Copa do Mundo 2014. As obras - obras não, projetos, nada de obra ainda - de mobilidade urbana foram pensadas de forma atabalhoada. Em reunião com o Secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal ficou evidente que falar em mobilidade não significa nada mais que falar sobre o trânsito de um único modal: o automóvel.
Dados e mais dados são apresentados de forma exata, com uma precisão quase que cirúrgica. A quantidade de carros que passam em uma esquina, que passavam e que passarão. Já a quantidade de PESSOAS ninguém sabe ninguém viu.
Não sou hipócrita para defender o fim dos automóveis, mas defendo a restrição de seu uso. Seria muito bom optar por sair de carro, ônibus, bike ou caminhando. Podemos? Claro que não!
Pensar as cidades para pessoas não é difícil, só falta um pouco de vontade política. Natal perde a chance de dar início a um projeto inovador no Brasil. Até mesmo São Paulo - com problemas exponencialmente maiores que os de Natal - já dá sinais da implementação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana.
O que fica de legado da Copa? Uma decoração temática (:o) e alguns reais de dívida.



Angelike Silva o poço é muito fundo. Será que eles deixarão algum espaço para bicicletas. Vi no domingo passado, passando pela Felizardo Moura, que a classe política do RN vendeu a alma para o diabo. Salvem Natal.

Dados e mais dados são apresentados de forma exata, com uma precisão quase que cirúrgica. A quantidade de carros que passam em uma esquina, que passavam e que passarão. Já a quantidade de PESSOAS ninguém sabe ninguém viu. Não sou hipócrita para defender o fim dos automóveis, mas defendo a restrição de seu uso. Seria muito bom optar por sair de carro, ônibus, bike ou caminhando. Podemos? Claro que não! Pensar as cidades para pessoas não é difícil, só falta um pouco de vontade política. Natal perde a chance de dar início a um projeto inovador no Brasil. Até mesmo São Paulo - com problemas exponencialmente maiores que os de Natal - já dá sinais da implementação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana. O que fica de legado da Copa? Uma decoração temática (:o) e alguns reais de dívida.

 Como pôde ser visto, todos saíram decepcionados com a forma de estabelecer políticas públicas de mobilidade urbana, Bicicletada teme muito pelo Parque das Dunas, rios e outras reservas ambientais da cidade, que ao entender do secretário são verdadeiros empecilhos a tal (i)mobilidade dos carros. Ficou claro claríssimo o porquê de tanto desejo nos Parques/espaços ambientais da cidade, por isso o Pq.dunas, Via costeira, reserva Emaús e tantas árvores derrubadas, o único intuito é alargar vias para dá espaço aos carros. A Prefeitura do Natal desconsidera totalmente o Transporte Público como prioridade, por isso os desmandos do atual sistema, eles tem carta branca, pois o "desejo do natalense é e tem que ser, comprar um carro" - Alexandre.




 
 

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Quando acontece?

Quando: toda última sexta-feira do mês.
Onde: concentração no IFRN, Salgado Filho.
Horário: a partir das 19 horas e saída as 19:30hs.

O roteiro (suscetível a alterações a qualquer tempo) é definido no ato da concentração.

Qualquer um pode participar, não importa o sexo ou a bicicleta, não fazemos competição, não fazemos só um passeio, fazemos ciclopasseata, cicloativismo, paramos em sinais, abrimos faixas, cartazes, panfletamos, conversamos com motoristas e nos divertimos muito assim, promovendo a bicicleta na cidade.

Então, chame seus amigos e junte-se a nós!
Leve faixas, cartazes, placas, personalize sua bike, ou seja, use sua criatividade para transmitir à cidade nossos ideias.
A participação é livre e gratuita, venham para somar.

É desejável o uso de equipamentos de segurança como capacete e luzes sinalizadoras.

Menores de idade somente acompanhado de um responsável.

Pense a respeito

"Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma sociedade profundamente doente". - Krishnamurti

"Nunca duvide que um pequeno grupo de pessoas motivadas e comprometidas possa mudar o mundo" - Margaret Mead

"Posso não conseguir mudar o mundo, mas vou me divertir tentando" - Anônimo

"Precisamos em Natal na verdade, é de Mobilidade Humana" - Milena Trigueiro

"Bicicletada Natal, não é um grupo de passeio, é um estado de espírito" - Clebson Melo

Sem Ciclos

Sem Ciclos
É um blog desenvolvido pela Bicicletada Natal/RN para catalogar os acidentes envolvendo ciclistas no estado. Tem por objetivo argumentar a necessidade da estrutura e da segurança para os ciclistas, de forma que entada-se que o uso da bicicleta está além da diversão e lazer e que para tanto, necessita de políticas que enxerguem a necessidade de trabalhar esse modal em todos os seus aspectos. Sabe de alguma ocorrência de acidente com ciclista? Informe-nos aqui.