Foto: Assis Oliveira (em destaque: Alexandre Seplan e Marjorie Madruga PGE)
Obras da copa, Retirada das ciclovias dos projetos de (i)mobilidade urbana.
Por Mateus Graça
Carlos Eduardo está numa posição muito confortável. O que for feito é
mérito deles, no caso não dar certo, a culpa é da Micarla. Isso facilita
muito qualquer justificativa, inclusive a de isolar a população do
debate, argumentando que não há mais tempo para mudanças, nesse prazo de
12 meses para a Copa. O Nosso Mandato chama os movimentos sociais, em especial o movimento dos Ciclistas
(ACIRN, Bicicletada Natal RN, Associação dos Ciclistas de Natal e
outros) para nos debruçarmos sobre a busca de soluções imediatas para
propormos aos técnicos da prefeitura nesse curto prazo de um mês que
antecede o virtual início das obras. Não podemos deixar passar este
momento!
#CicloviaNoLote1 #PlanoDeMobilidadeJá! #PlanoDeCicloviasJá!
Pontos Audiência Pública sobre obras de mobilidade da Copa
Técnico: Alexandre SEPLAN
O auditório foi lotado pelo movimento de ciclistas, que compareceram
para cobrar explicações dos técnicos da prefeitura acerca da exclusão
das ciclovias do chamado “lote 1” das obras de mobilidade da Copa do
Mundo, como também reivindicar mais atenção do poder público natalense
para políticas públicas de transporte alternativo. O movimento define o
atual modelo de ação da prefeitura como “política para carros”,
excludente da maioria da população, que utiliza o transporte público,
bicicleta e até mesmo as próprias pernas para se locomover em Natal.
Após longa explicação técnica de todas as obras do projeto, ficou claro
que o enfoque foi o trânsito de automóveis no entorno do estádio, quase
que exclusivamente, excluindo outras áreas de concentração de
circulação na cidade e, o mais grave, excluindo completamente outras
formas de transporte. O retrato disso foi a retirada, no projeto, do
trecho de ciclovias da Mor-Gouvêia, com a justificativa da falta de
espaço. Disse o técnico que a retirada se deu como única alternativa
para fugir do problema da desapropriação de imóveis no entorno da
avenida, que será expandida lateralmente, ganhando novas faixas. Os
ativistas presentes questionaram a veracidade dessa informação, visto
que, para a construção de uma ciclofaixa, apenas um reduzido espaço é
necessário. Contra argumentaram, colocando a enorme necessidade das
ciclovias neste trecho, que perpassa o trânsito de milhares de
trabalhadores da Zona Norte que necessitam de outros meios para chegar,
por exemplo, à Ponta Negra todos os dias. Argumentos como o crescimento
do número de carros por habitante nos últimos anos, devido a melhoria do
poder de compra da população e da “cultura do carro” foram derrubados
pelos ciclistas, que rebateram diferenciando o número de carros com o
uso dos mesmos, destacando o fato de que, no caso de melhorias do
transporte alternativo, a população passa a deixar o carro em casa,
utilizando-o somente em raras ocasiões. Essa foi a linha do debate.
O
técnico da prefeitura destacou que estes projetos especificamente foram
feitos em regime de urgência, visto que no caso da não realização dos
mesmos até os prazos estipulados pela carta compromisso da Copa do Mundo
FIFA 2014, os recursos advindos do governo federal seriam perdidos.
Lembrou também da “herança maldita” da gestão anterior, que durante
quatro anos não colocou a frente praticamente nada, em se tratando de
consulta a população, projetos e execução das obras, colocando a atual
gestão numa “saia justa”, em que até mesmo com os projetos prontos em
tão pouco tempo, ainda coloca em risco a execução das obras no prazo de
doze meses.
Além deste debate, também foi cobrado pela população
explicações acerca dos Planos de Mobilidade e do Plano de Ciclovias, que
há tanto tempo estão na pauta das gestões, incluindo a anterior do
próprio Carlos Eduardo, mas que não são colocadas a frente nem em debate
com a população. O técnico declarou diversas vezes que as secretarias
estão abertas para a discussão dos planos e, especialmente convidou o
movimento de ciclistas para debater o plano de ciclovias, “vamos sair
daqui unidos” e “dinheiro tem, falta projeto”, foram algumas das frases
ditas, por Alexandre, da SEPLAN. Foi marcada reunião para a próxima
semana com a SEMOB para tais fins e prometida reunião com o prefeito,
quando o estudo já estiver mais avançado.
Ademais, o debate
perpassou por dúvidas técnicas, e outras colocações como, por exemplo,
pelas limitações geográficas de Natal (cercada por rio e mar, áreas de
duna e muitas áreas de proteção ambiental) que, segundo o técnico,
dificultam qualquer planejamento sobre transporte. Argumento discordado
pelos presentes, que destacaram que este fato apenas exige mais empenho e
criatividade do poder público para a execução dessas melhorias, e se
colocaram a disposição, como população, para contribuir com o processo,
cobrando mais vontade política da prefeitura, a qual seria demonstrada,
por exemplo, na coragem de executar projetos que não fossem concluídos
na própria gestão, deixando os louros para serem colhidos pelos próximos
representantes, demonstrando assim mais compromisso com a melhoria da
cidade para a população, e não com a pequena política que domina nosso
estado e tantas outras no Brasil.
Foto: Assis Oliveira (destaque: Clebson Melo - Diretor Acirn)
Por ACIRN - Associação dos Ciclistas do RN
REFLEXÕES ACERCA DA AUDIÊNCIA NA PGE
Após a reunião, como sempre, surgem reflexões e discussões.
É consenso geral entre os que participaram uma preocupação maior após
ouvir Alexandre. Em todo o seu discurso ficou bastante clara a postura
da prefeitura e a forma como os técnicos e gestores pensam a cidade, ou
seja, priorização do carro e como acomodá-lo em detrimento dos outros
modais.
Não houve em nenhum
momento a preocupação em iniciar investimentos em transporte público e
muito menos um projeto para a cidade a longo prazo.
Na atual
circunstância e após ouvir Alexandre eu entendo a questão da ciclovia
como secundária. Secundária porque não existe um plano para a cidade
onde as vias cicláveis estariam inseridas. Dessa forma nem ciclovias,
nem transporte público e nem os pedestres estão sendo vislumbrados.
Ainda não sei como agiremos mas na última quinta ficou claro que
teremos muito a fazer. E não apenas para pedir ciclovias. Nós estamos
responsáveis por promover uma mudança cultural.
Clebson Melo
Comentários dos membros da Bicicletada Natal:
Via Ricardo Herculano
Apresentado as obras de mobilidade urbana pra copa e a notícia nada
surpreendente. Projetos para carros e valorização das áreas valorizadas
para carros. Mais espaço para mais congestionamentos.
Via Francisco Iglesias Acho que é melhor destruir toda a cidade e fazermos ruas e avenidas...
assim todo mundo mora nos carros e resolvemos todos os
problemas...kkkkkkkkkk... é de chorar também esta visão que vai contra a
visão de transformação que o mundo caminha.
Via Clebson Melo
Impressionante ouvir de um gestor público nos tempos atuais a extrema
preocupação em acomodar carros com o pífio argumento que, a população
quando melhora sua renda, compra carro e casa própria. Eu fiquei
realmente surpreso e decepcionado com a forma de pensar. Natal vai parar
e nós, com nossas bicicletas, deixaremos os carros para trás nos
congestionamentos. Seria até engraçado dar um tchauzinho para os nossos
gestores presos dentro de seus carros enquanto nos locomovemos em
nossas bicicletas.
Via Marcos Lemos
POis é....me impressionou mto o determinismo que quem sobe de classe
compra logo um carro. Isso é até verdade, poucos tem a visao sem
preconceito sobre o transporte publico e a bike, e como isso afeta a
cidade.
O poder publico é que regula a sociedade, ele nao deve alimentar o vicio dela.
Via Fabiano Silva
Lamentável a política pró-Carros da Prefeitura do Natal, o senhor
Alexandre Carros, ops SEMPLA, não conseguiu falar nenhuma palavra que
não fosse alargamentos e mais vias para carros, mesmo se contradizendo
que quem mais realiza viagens em Natal, são pessoas a pé!, "então
estamos adotando prioridades, prioridades pela renda do natalense, que
cresce e quer comprar um carro e uma casa".
Rodrigo Alcoforado Natal perde uma grande oportunidade ao sediar a Copa do Mundo 2014. As obras - obras não, projetos, nada de obra ainda - de mobilidade urbana foram pensadas de forma atabalhoada. Em reunião com o Secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal ficou evidente que falar em mobilidade não significa nada mais que falar
sobre o trânsito de um único modal: o automóvel.
Dados e mais dados são apresentados de forma exata, com uma precisão quase que cirúrgica. A quantidade de carros que passam em uma esquina, que passavam e que passarão. Já a quantidade de PESSOAS ninguém sabe ninguém viu.
Não sou hipócrita para defender o fim dos automóveis, mas defendo a restrição de seu uso. Seria muito bom optar por sair de carro, ônibus, bike ou caminhando. Podemos? Claro que não!
Pensar as cidades para pessoas não é difícil, só falta um pouco de vontade política. Natal perde a chance de dar início a um projeto inovador no Brasil. Até mesmo São Paulo - com problemas exponencialmente maiores que os de Natal - já dá sinais da implementação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana.
O que fica de legado da Copa? Uma decoração temática (:o) e alguns reais de dívida.
Angelike Silva
Dados e mais dados são apresentados de forma exata, com uma precisão quase que cirúrgica. A quantidade de carros que passam em uma esquina, que passavam e que passarão. Já a quantidade de PESSOAS ninguém sabe ninguém viu. Não sou hipócrita para defender o fim dos automóveis, mas defendo a restrição de seu uso. Seria muito bom optar por sair de carro, ônibus, bike ou caminhando. Podemos? Claro que não! Pensar as cidades para pessoas não é difícil, só falta um pouco de vontade política. Natal perde a chance de dar início a um projeto inovador no Brasil. Até mesmo São Paulo - com problemas exponencialmente maiores que os de Natal - já dá sinais da implementação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana. O que fica de legado da Copa? Uma decoração temática (:o) e alguns reais de dívida.
Como pôde ser visto, todos saíram decepcionados com a forma de estabelecer políticas públicas de mobilidade urbana, Bicicletada teme muito pelo Parque das Dunas, rios e outras reservas ambientais da cidade, que ao entender do secretário são verdadeiros empecilhos a tal (i)mobilidade dos carros. Ficou claro claríssimo o porquê de tanto desejo nos Parques/espaços ambientais da cidade, por isso o Pq.dunas, Via costeira, reserva Emaús e tantas árvores derrubadas, o único intuito é alargar vias para dá espaço aos carros. A Prefeitura do Natal desconsidera totalmente o Transporte Público como prioridade, por isso os desmandos do atual sistema, eles tem carta branca, pois o "desejo do natalense é e tem que ser, comprar um carro" - Alexandre.