[FORA MICARLA] Reportagem explicando as origens das manifestações e o que tem acontecido até esta quinta pela manhã

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cidadãos natalenses criam o movimento Fora Micarla e exigem o impeachment da Prefeita Micarla de Souza


(Nova placa da Câmara Municipal de Natal, reformulada pela população que está ocupando a "Casa do Povo")
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.Em janeiro de 2011 a tarifa de ônibus de Natal subiu de R$2,00 para R$2,20. Esse aumento, como em todos os anteriores, resultou em movimentos de protesto, especialmente estudantis, que gritaram nas ruas “Mãos ao alto! Dois e vinte é um assalto!”. Mas esse ano o que surgiu não foi apenas uma manifestação reivindicando transporte de qualidade e tarifas menores ou gratuidade.
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(Acampamento na noite de quarta-feira, em que muitas pessoas chegaram com suas barracas, instalaram seus pertences, preparados para exercer a cidadania aqui e agora!)

A cidade passa por um período de grande insatisfação com a prefeita da cidade, devido a denúncias de superfaturamentos de aluguéis realizados, compras fraudulentas sem licitação, salários atrasados e serviços públicos cada vez mais ineficientes. O aumento da tarifa, que aconteceu novamente às escondidas, durante o período de férias, foi o estopim para uma massa de descontentamento que gerou nas redes sociais o movimento #XôInseto, fazendo alusão ao símbolo da prefeita Micarla de Souza (PV), que é uma borboleta.
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Esse movimento construído coletivamente por cidadãos e cidadãs natalenses tem uma característica muito singular em relação aos anteriores. Ele é uma eclosão da insatisfação coletiva, plural, diversificada da população. Sem líderes, o movimento se caracteriza pela “ pluralidade e diversidade da ousadia da cidade, organizada na luta pela transformação da realidade”, afirma Melayne Macedo, estudante de ciências sociais.
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Além disso, o movimento está se organizando de forma horizontal, “as decisões estão sendo tomadas de forma autogerida, em um desejo de democracia direta. As plenárias são livres para que todos colaborem e todos tem algo a colaborar”, diz João Carlos, estudante de psicologia. São cidadãos, trabalhadores, estudantes, sindicados, movimentos estudantis, partidários e apartidários, todos agindo coletivamente, reivindicando uma cidade diferente, decidindo o futuro no presente.
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Protestos ForaMicarla!
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Em janeiro foram mobilizados três protestos contra o aumeneto, em fevereiro foi organizado o Bloco de Carnaval Xô Inseto, que foliou na praia da Redinha, em Natal. E no dia 25 de maio se organizou, também através das redes sociais, um ato de protesto massivo Fora Micarla! com a participação de mais de mil pessoas. Essas mil pessoas marcharam do ponto considerado “central” para a cidade, o maior shopping da cidade, e foi até o bairro de Ponta Negra, gritando palavras de ordem e convocando toda a população a mostrarem sua insatisfação.
(De forma autogestionária, horizontal, sem líderes, coletivamente, o pessoal segue preparando tudo que é necessário para fazer do Acampameto de Ocupação um espaço de convivência, diálogo, igualdade, fraternidade e liberdade - Todo mundo faz, todo mundo ajuda, como pode, como acha melhor, e assim o coletivo se constrói)
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Na semana seguinte, no dia 01 de junho, novo ato foi realizado via redes sociais. Desta vez foram cerca de duas mil pessoas. Elas caminharam até o “condenado” estádio da cidade, Machadão, que será demolido por ocasião das obras da Copa de 2014. Lá, um outdoor que informava que “98% da população estavam satisfeitos com uma política de saúde da Prefeitura que está privatizando os consultórios, laboratórios e diversos serviços de saúde da cidade” foi derrubado, demonstrando a não aceitação das pessoas diante de propagandas enganosas.
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E no dia 7 de junho, terça-feira, às 9h da manhã, começou o terceiro ato de protesto. Saindo da Praça Cívica saíram cerca de 200 manifestantes, debaixo de chuva, marcharam pelo centro da cidade até a Prefeitura gritando palavras de ordem como “Estudo, trabalho, dou duro o dia inteiro. Micarla anda de carro e ainda rouba o meu dinheiro” e “O povo está nas ruas, Micarla a culpa é sua!”.
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Quando chegaram à Prefeitura, os manifestantes encontraram, como em todos os atos anteriores, a porta fortemente protegida pela Guarda Municipal. A entrada, para variar, estava proibida. Os manifestantes concentraram-se na frente do prédio e continuaram com as palavras de ordem e fizeram também uma bela ciranda onde a música era “Boi, boi, boi, Boi da cara preta, livra essa cidade da Prefeita Borboleta”.
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De lá, seguiram para a Câmara de Vereadores de Natal. Os manifestantes, encontrando a entrada livre, subiram para o plenário da Câmara, onde lotaram o pequeno espaço dedicado à “população”. Mais de cem pessoas entraram no pequeno espaço destinado a no máximo 50 pessoas e outra centena ficou do lado de fora, todos gritando palavras de ordem que paralisaram o andamento da audiência pública que acontecia. Os parlamentares não se dignaram a dirigir a palavra aos manifestantes. Após 20 a 30 minutos, esvaziaram o plenário.
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Daniel Chacon, estudante de direito afirma que “as pessoas subiram para o plenário com palavras de ordem cobrando fiscalização da Prefeitura por parte da Câmara Municipal”, como é o dever do legislativo, fiscalizar o executivo. Completa que “a Guarda Municipal ficou surpresa ao ver 200 pessoas subindo as escadas da Casa”.
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Ocupação da Câmara de Vereadores de Natal continua em seu terceiro dia!
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Após o plenário, os manifestantes decidiram, em assembleia realizada no pátio da Câmara Municipal, ocupar a Casa e não sair até que a Câmara Municipal desse prosseguimento à Comissão Especial de Investigação (CEI), dedicada à investigar os atos de improbidade administrativa, desvio de dinheiro público e aluguéis e compras superfaturadas por parte da Prefeitura. Na terça feira por volta das 11 da manhã se iniciou o Acampamento de Ocupação, atualmente intitulado “Primavera Sem Borboleta”.
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Segundo Aline Bragança, estudante de Design, “o acampamento não tem uma liderança, todos se dividem para organizar. Cada um respeita os espaços do outro e as diferenças de opinião, mas estão todos unidos por um objetivo comum, mudar a situação da cidade mudando a administração.

(As decisões são tomadas todas coletivamentes, em Assembléia Geral com todos os presentes no Acampamento de Ocupação. Um movimento horizontal, plural, onde todas as opiniões estão presentes e manifestadas)
.“O acampamento só sairá quando tivermos uma vitória satisfatória em direção à renúncia da Prefeita Micarla ou impeachment através da CEI ou o abaixo-assinado que está acontecendo”, afirma Armênio Britto, estudante de economia. Na quarta-feira, segundo dia do acampamento, o presidente da Câmara, o vereador Edvan Martins (PV) e o vereador Júlio Protásio (PSB) vieram até o acampamento às 20h para conversar devido às solicitações dos cidadãos. A conversa durou cerca de duas horas e resultou em compromisso de ambos de encaminharem as exigências do coletivo Fora Micarla, uma CEI isenta, que realmente seja capaz de investigar a Prefeitura, pois atualmente a Comissão é formada por vereadores governistas.
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Quinta-feira, dia 09, o Acampamento de Ocupação continua. Mais gente chegou de quarta para quinta e o acampamento só cresce, com alegria, determinação, muita organização e autogestão. E para a noite de quinta está marcado o quarto ato massivo nas ruas da cidade Fora Micarla, para que toda a população saiba que cidadãos estão ocupando a Câmara, exigindo que a Prefeitura seja investigada e a prefeita seja retirada de seu posto concedido pelo povo e agora reivindicado de volta. “O povo coloca, o povo tira”, afirmaram os manifestantes.
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No momento em que você estiver lendo esta matéria, muita coisa já terá acontecido. Acompanhe a Ocupação ao vivo no site www.foramicarla.com, no twitter @xoinseto, nas comunidades do Orkut e Facebook Xô Inseto.

A população de Natal está exercendo a cidadania através de Democracia direta e todo o Brasil pode fazer igual.



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Quando: toda última sexta-feira do mês.
Onde: concentração no IFRN, Salgado Filho.
Horário: a partir das 19 horas e saída as 19:30hs.

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