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ARTIGO - Kelps Lima (Ex-secretário Semob)
Quando compra um automóvel, o proprietário do novo veículo adquire junto com ele um acessório indispensável cuja falta de uso no dia-a-dia pode torna a vida do motorista – e do resto da cidade onde ele vive – um tormento: RESPONSABILIDADE.
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Acredito que o trânsito da nossa cidade só poderá melhorar quando os motoristas se conscientizarem de que a palavra carro é sinônimo também de responsabilidade.
Ao conquistar o veículo novo, o dono do carro precisa agregar ao seu comportamento um senso redobrado de respeito e a convicção de que o conforto do carrão zero quilômetro não lhe dá uma licença especial para suprimir o direito das outras pessoas.
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Faço essa introdução para entrar num assunto ao qual me dediquei com muita atenção quando fui secretário municipal de Mobilidade Urbana, o uso das calçadas por quem de direito: os pedestres.
É inconcebível que alguém tome a iniciativa de manobrar seu carro para estacioná-lo sobre uma calçada e pratique esse ato de forma serena, indiferente e até negligente, sem sentir um pingo de constrangimento em relação ao seu movimento.
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E o pior, quando flagrado pela legislação de trânsito, o motorista infrator cria vários monstros para os quais transfere a culpa de sua própria ação: o fiscal, o prefeito da hora, os políticos de uma forma geral, o secretário de trânsito. Em sua cólera por não poder parar seu carrão onde lhe convém, todos são culpados e ele a vítima não compreendida.
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No meu entender, e no entender da lei, calçada é lugar de pedestres, não de carros. De quem deve ser a prioridade nas calçadas? Das crianças, dos idosos, dos portadores de dificuldades locomotoras, do caminhante que se dirige ao trabalho? Ou dos carros zero quilômetro, com vidros espelhados, tração 4×4 e rodas enormes de liga leve?
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Na Natal de hoje, que cresce a todo instante, não dá para fugir de uma lógica matemática: a quantidade de veículos aumenta nas ruas na velocidade da força do mercado automotivo – veloz como um foguete na capacidade de investimentos - enquanto a velocidade dos gestores públicos (seja dos gestores atuais, dos que já passaram pela prefeitura, ou dos que virão, no futuro, a ocupá-la) não é, nem de perto, a mesma para conseguir recursos para aumentar a quantidade de ruas.
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Para finalizar, deixo uma pergunta para que cada um encontre sua própria resposta. Qual a prioridade para os recursos públicos: saúde, educação e segurança, ou estacionamentos para quem, com boa renda e situação econômica confortável, compra carro novo?
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A Bicicletada, por ser um movimento plural, composto por ciclo-cidadãos com diversos pontos de vista, mas que juntos buscam uma cidade mais saudável e um planeta sustentável, não necessariamete concorda com as opiniões do Secretário Municipal, por alguns crerem que não necessariamente este artigo seja coerente com a prática da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal, que em sua história costuma muito veementemente dar prioridade aos carros ao invés de às pessoas.
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Em toda a gestão do Secretário, o plano de mobilidade de Natal praticamente não saiu do lugar, a expansão das ciclovias não aconteceu e o único projeto criado, o Pedal Livre, tem como objetivo apenas incentivar o uso da bicicleta como lazer e não como opção de transporte urbano. Após a gestão, é muito cômodo dar uma de consciente e 'verde'.
Lexfonte
Bicicletada Natal
2 comentários:
Natal é uma cidade onde os cidadãos estão habituados com determinados gestos, então não interessa se estes hábitos estão corretos e nem ao menos param para refletir sobre eles, é uma "coisa" que se pratica há muito tempo, portanto é assim que deve ser, é um estado de costumes e dane-se o DIREITO.
O impedimento de ir e vir do pesdestre é negado em todos os bairros da cidade, não há em nenhum deles onde se vá e consiga caminhar em calçadas sempre tem ao menos um carro estacionado impedindo totalmente a passagem jogando o indivíduo para a avenida disputar com seu frágil corpo o espaço com os carros que trafegam isto é um absurdo tão grande, mas que nada é feito a esse respeto. Quando aparece um com essa idéia é logo taxado de incosequente.
Além de reclamar entre nós o que poderia ser feito de real a esse respeito, mobilizar o ministério público? Ou o que?.
A gestão pública deve construir mais ruas? Ou oferecer alternativas de mobilidade dentro da cidade, como as bicicletas? Aniquilando ou pelo menos cortando esse ciclo vicioso da "carrocultura"? A lógica de " carros na rua mais pistas, menos pessoas" é excludente, claramente, fada ao insucesso. Natal reflete a ideologia do subdesenvolvimento, somos submundo porque permitimos a entrada de políticas externas conservadoras tal como predatórias, transferidas para nós que razoavelmente ainda temos muito de recursos naturais; mais aos interesses políticos perversos aqui já existentes, a luta é desigual. Vamos lá Bicicletada!!! Não somos Esparta, mas abrangemos esse espírito.
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